quarta-feira, outubro 26, 2005

Novas nozes,velhos dentes

De António Gedeão,em "Linhas de Força"



POEMA DA MORTE APARENTE


Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora,
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.


A suspirar e a protestar morreram.
E agora,quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos com se as dentaduras fossem novas.



Quem de entre os amigos quer dar nozes a estes dentes?


JGEsteves

segunda-feira, outubro 24, 2005

Um amigo no poder

Já muito se escreveu sobre o Poder, sobre o seu exercicio, sobre a Arte de o manter e, sobretudo, já muito se disse sobre as perversões daquele e sobre as mutações que pratica, ou pode exercer, sobre aqueles que dele se abeiram.

Isto vem a propósito do facto do nosso amigo A.M. ter sido empossado e partilhar desde Sábado passado a Cadeira do Poder Municipal.

Estou certo que o seu percurso de vida, a sua Ética repúblicana, sempre praticada e nunca questionada, o habilitam ( e me tranquiliza) para um exercicio do Poder com espirito de missão e de serviço público.

Eu não tenho qualquer especie de dúvidas quanto a que assim seja.

Este é só um pretexto para lhe desejar muito empenho, mor trabalho, dedicação, sagacidade, inteligência e muita criatividade nas funções que os eleitores lhe atribuiram, para as colocar ao serviço da Cidade e dos cidadãos.

Boa sorte, querido amigo.

José Albergaria

sexta-feira, outubro 21, 2005

Novos tempos

Sopra um sopro
Pinga um pingo
Muda o tempo
Fica a vontade.

Agora que o chapéu mudou
E com ele a esperança voltou
Será que o traço fácil
Continuará a planar
Sobre a toalha de papel
Onde ousou criar?

Entre um sorriso mais largo
Uma tirada oportuna
Um pensamento atrevido
Um contraditório assumido
Fica o desejo não contido
E desde já agradecido
De continuar aparecido.

Porque fico mais rico
Porque digo que sim
Porque assim justifico
O que dele sinto.

Amanhã é outro dia
Obrigado pela companhia
Felicidades e muita alegria.

NT

segunda-feira, outubro 17, 2005

Parece que estamos em entrar na "normalidade"

O Benfica ganhou no Dragão e deu um banho de bola aos campeões do mundo.
O Sporting perdeu em Alvalade no seu último ( e espero que derradeiro...) exame perante os Academistas.
Parece que o Professor Cavaco Silva vai, finalmente, apresentar a sua candidatura a Belém, dia 27 de Outubro, no Porto.
O Governo prepara-se para apresentar o Orçamento de Estado para 2006, com os cortes previsiveis na despesa.
Isaltino Morais não consegue constituir uma maioria para assegurar, na Câmara de Oeiras, a governabilidade municipal.
Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro deixaram de ser noticia autárquica: espera-se que venham a sê-lo por razões do foro judicial.
O candidato do PCP às presidenciais já tem cartaz nas ruas.
Os outdoor's do PSD, utilizados nas autárquicas, estão cobertos de branco- à espera da foto do homem do Boliqueime.
Parece que o Tribunal Constitucional, por razões formais, inviabilizou o referendo ao aborto: abortou o referendo, nesta legislatura!
O que faltaria, verdadeiramente, para entrarmos em plena e conseguida normalidade?
Que, o Dr. Mário Soares, por razões de Estado e pelos superiores interesses da Pátria reconsiderasse a sua candidatura...
Hoje deu-me para aqui... talvez ainda afectado pela leitura daquele estimulante livro "A normalidade da loucura".

J. Albergaria

terça-feira, outubro 11, 2005

Um voo sobre um ninho de...autarquias

Nos últimos tempos, a propósito, a pretexto, sem texto e, muita das vezes, sem propósito - muito se falou, escreveu e mostrou os Concelhos, as Freguesias, os Presidentes de Câmara, os sem Partido, os que já o tiveram e dissidiram daqueles, os acusados, os condenados e...os inocentes.

Há sempre uma tendência, apaziguadora suponho eu, para, mesmo quando as realidades são singulares e únicas, tirar uma síntese, generalizar, encontrar uma explicação única para fenómenos que são complexos de per si.

Como responder, com uma mesma grelha analitica, às vitórias do Partido Socialista em Ponte da Barca, em Baião, em Amarante, em Mira, em Borba, em Loures, em Odivelas, na Amadora e em Faro? E como responder com uma mesma grelha analitica às derrotas do Partido Socialista em Lisboa, em Sintra, no Porto, em Santarém, em Aveiro, em Coimbra, em Peniche, em Sesimbra, em Alcochete e no Barreiro?

Quanto a mim há, de facto, uma só explicação: a qualidade (ou ausência dela) dos candidatos, a excelência (ou ausência dela) da obra e a bondade das propostas e dos programas ( ou a ausência deles).

As campanhas eleitorais têm a sua importância, mas não são determinante...

Há ainda um outro fenómeno que ocorre nas eleições para as autarquias e é transversal aos Partidos: o chamado "interesse cruzado".

Quando está somente em jogo o governo da freguesia e/ou do Concelho - a ideologia não é determinante. Tem a sua importância mas não é decisiva como quando se vota para a Assembleia ou para a Presidência da República.

Nas autarquias locais, um candidato dum determinado Partido pode provocar o "interesse cruzado" e arrebatar votos noutros eleitorados partidários e/ou ideológicos.

Imagine-se um Concelho com bastantes Bairros de Génese Ilegal (Loures, Odivelas, Sesimbra, Seixal, Cascais, nomeadamente). O candidato à Presidência da Câmara que prometer, de modo consistente, que legalizará TODOS esses Bairros - arrisca-se, pelo efeito do "interesse cruzado" a ganhar as eleições.

As medidas dos Governos concorrem pouco para o sucesso e/ou insucesso dos candidatos autárquicos.

A maior e significativa vitória autárquica do Partido Socialista - ocorreu exactamente no intervalo das duas maiorias absolutas do PPD/PSD do Professor Cavaco Silva, em Dezembro de 1988. Em 1997 repete a mesma vitória autárquica, mantendo a Presidência da Associação Nacional dos Muncípios.

O PPD/PSD arrasa, eleitoralmente, o PS, nas eleições autárquicas - em 2001 e 2005.

Parece haver um ciclo médio de DOIS mandatos para a "alternância" nas autarquias. Existem múltiplas excepções, mas a média parece ser esta.

Depois - tem a ver com a classe política. Quando o PS está no Governo, os seus melhores quadros e dirigentes encontram-se nos corredores do Poder Central e nos Institutos e Empresas que dele dimanam: estão pouco disponíveis para travarem batalhas locais...salvo raras e honrosas excepções. Com o PPD/PSD ocorre exactamente o mesmo fenómeno. Isto explica inequivocamente a qualidade ou a ausência dela dos candidatos em presença.

Há outras razões, Concelho a Concelho, que explicam - em concreto - as derrotas e/ou vitórias alcançadas.

Em próximo devaneio bloguista - tentarei reflectir sobre o fenómeno INDEPENDENTES (tanto os ganhadores, como os perdedores; tanto os puros, como os que estão a contas com a Justiça, como e os dissidentes partidários...).

J. Albergaria

quinta-feira, outubro 06, 2005

Proverbios Y Cantares

Para qué llamar caminos
a los surcos del azar?...
Todo el que camina anda,
como Jesús, sobre el mar.

António Machado

(Albergaria)

terça-feira, outubro 04, 2005

Psitações-4

"A ignorância tem asas de águia e olhos de coruja."



Já nem sei de quem é, mas deve ter sido o actual momento autárquico que estimulou a minha memória...


JGEsteves