Pré-texto: O passamento de Carlos Fabião
A morte
Senhora esbelta, bondosa
aompanha a vida, sempre
em tremenda intimidade!
Hoje, uma mulher, velha,
foi cremada.
Há pouco, poucochinho
basceu um menino.
Os figurantes, progenitores
clamaram-no Salvador!
Desígnio premonitório
carregam os nomes.
As coisas, essas, nem sempre
se acomodam ao casco
que lhes foi atribuido.
O poeta disse:
"Morrer é só não ser visto".
Tremenda exactidão
encerrou o poeta
nesta humana afirmação!
Os que a seguir hão-de vir
tecerão, bordarão, enovelar-se-ão
nesta poética da morte
imorredoura deixa
daquele Fernando, múltiplo.
É.
Pois é.
A mulher cremada
não mais será vista.
Aqueloutro, o que nasceu
será mostrado à saciedade
para "redenção" da humana espécie!
E assim figurámos
no teatro do mundo.
Umas vezes - vistos.
Nas outras- desaparecidos.
Morte e nascimento
não mais que faces
homólogas
do mesmo drama
feito (in) gente!
José Albergaria
PS- A pretexto do passamento dum homem bom, honrado e probo: Carlos Fabião.
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