segunda-feira, março 20, 2006

Ainda e mais um poemita

Vida

Que rotineira coisa
Vulgar caminhar
Pouco exaltante bracejar!

Pode-se viver sem olhar ALÉM?
Pois, assim se pode!

Pode-se viver sem pré-ocupações?
Claro - pode-se!

Quase todas, humanas criaturas
Por designio dos deuses
Por vontade dos manes
Assim caminhámos p'la vida.

A vida é,pois, um caminho?
Será.

O poeta disse:
-Caminheiro não há caminho.
O caminho faz-se a andar.

Pois.
Tal qual como na vida:
-Vivente, não há vida.
A vida vive-se - vivendo-a!

Aos homens pede-se:
sejam talentosos;
corajosos, aqui;
ali, irresponsáveis.
Por mor de viverem
Sem endoidarem.

Porquê?

Olhe-se a vida de frente.
Que vemos?
Guerras
Miséria
Pobreza
Fome
Estultícia
Pandemias
Loucura
Lucros indevidos
Grimes hediondos
Máfias velhas
novas
pretas ontem; agora, também vermelhas.

Valerá, então, a pena viver?
Claro que sim.
E por mor de quê?

Dos filhos amados
Da Humanidade
Da civilização
Contra as babáries
Do amor da verdade
Da beleza
Da ética
Da probidade
Da fraternidade - que é AMOR solidário
Contra o pessimismo - que convida à inação
Pelo optimismo - que exulta ao voluntarismo!

A vida semelha uma tela
Na qual preexiste
Mas onde o artista põe
O que bem lhe quer
Moldando-a
Recriando-a
Fazendo real imaginado.

A vida, humanas criaturas
É tão só
Coisa - para ser vivida
--------------------- intensamente!

Albergaria