segunda-feira, janeiro 02, 2006

De moi pour moi

Meu caro amigo Albergaria, falo-te de moi pour moi, que é como quem diz de mim para ti, numa versão mais intimista. Não que tenha a veleidade de te conhecer no teu mais profundo ser. Mas conheço-te um pouco, para saber quem és, o que queres e o entendimento que tens do mundo.O que sei ser recíproco. Por isso, podemos disutir, de um modo fraterno e tolerante, recorrendo à ironia e à provocação, sem ofendermos o outro e, por via disso, a nós mesmos.
Se algum mérito, teve este debate em torno do futebol, do dragão e da águia, foi o de ter animado um blog, que parecia ter caído no limbo. Sob este aspecto, sinto-me satisfeito, por ter respondido à tua provocação (lembras-te?). Pena é, que seja o futebol e não outro assunto mais sério o responsável por esta reanimação, cujos resultados ainda desconhecemos.
Gostei da tua prosa, revendo-me certamente nela. Dois reparos:
1. nem todos os benfiquistas são tolerantes, como não o são todos os portistas ou sportinguistas.
A tolerância é própria de homens como tu, eu ou os nossos maprilistas, que partilham connosco as ideias.
2. ´Nem sempre Péricles se mostrou indiferente aos insultos. Pelo menos, por duas vezes reagiu bruscamente:
a) quando Creonte ofendeu a sua dignidade, acusando-o de querer ascender ao poder em seu proveito;
b) quando, por amor a Helena, agrediu um jovem efebo, que se atravessou no seu caminho. Como homem íntegro que era, de acordo com o seu biógrafo Plutarco, arrependeu-se do seu acto, pedindo depois desculpa ao jovem ateniense.
Esgotado o tema das aves, debrucemo-nos, então, sobre outros desafios mais importantes, tentando evitar derrotas, que, a acontecer, serão certamente derrotas de todos nós
Sem mais nada, despeço-me com um abraço fraterno
Alcino

PS. Nem sempre estão certas as interpretações que outros fazem acerca das nossas suposições.