terça-feira, janeiro 03, 2006

Como sabe bem a amizade

Que melhor prenda se pode receber - que o dom da amizade? Não conheço nenhuma que se lhe iguale!

Creio que, rememorando o divino Homero, o das páginas imorredouras da epopeia e da odisseia, esse era o dom mais perene, altivo e absoluto...na Hélade de então e, hoje ainda, se não vislumbra outro que se lhe iguale.

É um prazer dedilhar conversas, trocar chistes e mercar ironia, sem que a amizade se deixe beliscar - um pouco que seja!

Quanto ao desafio do meu bom e caro amigo (sentimos a tua falta na tertulia d'hoje, mas o ambiente estava um pedaço Preto...): claro que sim!

Vou, não só mudar de discografia, mas discorrer sobre impressões viajeiras recentes.

P'ra já vos digo: qualidade de vida? em Lisboa? Puro e rotundo engano.

Mandei-me para a Cova da Beira, no Vale do Zêzere, entre as Serras da Gardunha e da Estrela. Rumámos a Belmonte, terras dos Cripto-Judeus ou Marranos. Visitámos o Museu do Judaísmo (uma pequena pérola museográfica que aconselho, vivamente, a todos e, particularmente, a quem mexe nestas coisas de Património), o Ecomuseu do Zêzere (visitem-me este lugar e, depois, falem-me da Amadora, de Loures, de V. F. de Xira e doutras cercanias urbanas) e aportámos ao Lagar de Azeite: um deslumbrmento de requalificação de arquitectura industrial (é assim que se pode/deve chamar?...).

E que dizer do azeite Kosher e do vinho Kosher?!... Belmonte deve ter descoberto a árvore das patacas. Estes produtos estão a entrar na diáspora Judia (EUA, particularmente) e podem significar uma revitalização duma região deprimida, envelhecida e desertificada. O que é preciso, digo eu, é encontrar um ponto onde se possa alavancar o nosso "mundo" a nossa comunidade!

Estas bandas interiores (Beira Interior - se diz), bem servidas pela SCUT A23 (em duas horas e meia galga-se a distância que medeia Lisboa destes lugares), estão a apostar no Turismo de paisagem e de oferta cultural de qualidade inquestionável.

Se forem a Belmonte, não se esqueçam de visitar o Castelo altaneiro, o seu pequeno acervo arqueológico e não deixem de reparar no anfiteatro que aí construiram recentemente - que permite a realização de espectáculos de vária índole.

E a pista artificial de Ski em Manteigas?

E por que é que as várias Telvisões não enviam equipas de reportagem a estes lugares para se poder ver estas realidades e falar com as gentes que lá vivem e labutam.

Já não ia a Belmonte há dezasseis anos. Pareceu-me outra terra... e, efectivamente, o é!

Uma última nota.

Sabiam que o nosso mui querido amigo e maprilista de qualidade, Rogério Rodrigues, estudou em Belmonte?

Sabiam ainda que o grande vate e trovador, Zeca Afonso, ensinou em Belmonte e que, a Câmara local, mandou descerrar placa granítica para assinalar tal ocorrência - em frente à casa onde habitou o Professor José Afonso, bem no coração da Judiaria de Belmonte.

Um grande ano de 2006: para o Alcino, meu particular amigo e cúmplice em demandas particulares de espiritualidade; para o João Grego Esteves, a quem venero como uma das minhas mais recentes e consistentes referências éticas e intelectuais e que faz o favor de me honrar com a sua amizade e de nos brindar (a todos) com a sua presença constante, na tertúlia maprilista.

Ainda um grande 2006: para o António Moreira e o Rogério Rodrigues que sabem da minha amizade, do meu respeito, da minha veneração e da minha admiração por eles. Sem eles (porventura não o saberão em toda sua extensão...) não seria o que vou tentando ser: mais sábio, mais tolerante e mais humilde.

Para os restantes bloguistas, também, um grande ano de 2006.

José Albergaria