quarta-feira, julho 27, 2005

Amarguemos!

A pouco se reduz esta aventura:
rio sombrio de palavras feito,
onde cada gargante é um parapeito
sobre o líquido engano que murmura...


De pedra,de silêncio e hostilidade,
somos estátuas verdes mas esquivas.
Odiar?Amar? - Apenas tentativas
falhadas nas esquinas da saudade.


E já nenhuma esp´rança nos consegue
manter o morto corpo desatento:
somente partilhamos o tormento
a que vai cada um de nós entregue.


Que no entanto o rio nos iluda,
com sua eterna melopeia aguda.





Fez o Grande David Mourão-Ferreira,sob o título "Soneto Amargo de Convívio Humano",e dedicando a Teixeira de Pascoaes (A quem mais?...)
E recordou e transcreveu o JGEsteves, em preito à tertúlia de hoje.