sexta-feira, novembro 11, 2005

Afinal a única "normalidade" é mesmo a da LOUCURA

Faz dias, viajei por um tema irónico: o da emergência da normalidade.
Afinal equivoquei-me!

Começo de novo.

O meu Benfica soma empates e derrota.
O Sr. Pinto da Costa voltou a falar.
Os árbitros de futebol continuam a favorecer Porto e Sporting e a penalizar o clube da Luz.

A pré-campanha eleitoral para a Presidência da República está de loucos.
Cavaco Silva, como de costume, ainda não disse nada de substantivo - e o que diz é de uma enorme "anormalidade" tendo em vista os poderes do Presidente da República.

O poeta do Século (traduza-se: Manuel Alegre) deu uma "boa" entrevista à jornalista Constança Cunha e Sá, da ainda portuguesa TVI, mas continuamos sem perceber porque razão MAIOR se candidatou: "é um direito constitucional que me assiste", diz o poeta de Águeda.

A discussão do OGE na Assembleia da República mostrou um Eng.º Sócrates competente, arrasador para as oposições, mas ainda assim muito crispado e um pedaço autoritário: "não havia necessidade..."

A "revolta" e a violência gratuita de jovens, quase todos, magrebinos de segunda geração dos subúrbios em França tem intoxicado, via jornais e TV's a opinião pública portuguesa. Ninguém produz informação digna desse nome e, menos ainda, análise séria e enquadradora do fenómeno.

Alguns canais recorreram até a um vereador de uma Câmara francesa, de origem portuguesa, para tentarem passar uma análise objectiva da situação. Fracasso completo.

Entretanto, na última revista Visão, o português que mais tem pensado Portugal, a França e a Europa nos últimos 60 anos, Eduardo Lourenço, publica uma notável análise à situação (leitura que eu aconselho vivamente), chamando os políticos responsáveis desta deriva violenta dos putos dos subúrbios franceses, pelos seus verdadeiros nomes.

O modelo social francês falhou! A visão multiculturalista francesa (que teve o seu apogeu na Selecção francesa de Futebol que ganhou o Campeonato do Mundo e, de seguida, o Campeonato da Europa e que integrava jogadores magrebinos, liberianos, da Europa Central, etc e, um ou outro, francês...) falhou rotundamente (não confundir com rotunda).

Esta crise (no sentido grego de superação, transformação)deve servir, não só aos franceses, a toda a Europa para repensar o seu modelo social e os processos de integração (eu gosto mais de dizer -inclusão) dos seus emigrantes: os da Europa de Leste não se podem abordar como os que vêm da África e, particularmente,os que professam a visão Islâmica do mundo!

O que de facto é perene e persistente é mesmo a "Normalidade da Loucura".

J.Albergaria

3 Comments:

At 11 novembro, 2005 19:13, Blogger Zé Maria said...

Boa, meu caro Zé.
Mas já agora, aqui fica uma adenda sobre o passado em França: valia a pena pensar também em como o mundo dito Ocidental, parece que o do Norte, enfim, o mundo desenvolvido, se esqueceu de um pequeno pormenor - o de que era também importante o desenvolvimento dos outros países, os do dito terceiro mundo. Ou não? E aí é que a porca torce o rabo.
Um abraço do ZÉ Maria

 
At 11 novembro, 2005 23:33, Blogger Aqueduto Livre said...

Caro Zé,

Parabéns pelo texto,e pela proverbial lucidez.
E também uma reparo: para o Mário Soares não há nada,nada,nada?
Abraço
JGEsteves

 
At 14 novembro, 2005 18:37, Blogger Aqueduto Livre said...

vou tarde mas penso que ainda a tempo.a banalidade do mal não é de agora.o preconceito não precisa de causas. e até no holocausto todos são carrascos. mesmo e também os que ignoram. o dar muito sem exigir algo cria exigências insuportáveis.
rogerio

 

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