terça-feira, agosto 16, 2005

A actualidade dos "Clássicos"

Por imperativo pessoal, tenho "dedilhado" Cesário e Eça de Queiros.

Espanta-me ainda a "actualidade" destes Mestres, clássicos como soe dizer-se.

O que colorido nome tinha, negociante de "primeurs", de frutas e d'uvas de mesa, que produzia em Linda-a-Pastora, exportador para Liverpool e Londres arrenegava os de Madrid e a sua malsana concorrência.

Hoje carpimos muito das nossas miséria e incompetências à pala dos espanhóis e da sua malsana concorrência!

O que inventou os tiques e os toques "queirosianos", esse, falava com o seu lirico realismo, na obra-prima que é a Ilustre Casa de Ramires, ali p'ros lados de Coimbra, de Portugal como personagem, comparando-o ao perfil e aos humores do fidalgo Gonçalo Ramires, descendente de casa mais antiga qu'á Pátria deu reis!

É simplesmente notável o "prosear" d'um e do outro sobre a Pátria e sobre os portrugueses!

Mas, então, se já passaram mais d'um cento d'anos, desde essa escrita venerada, como nos mantemos, ainda hoje, nos mesmos estados d'alma!

Fatalidade?, falta do 5.º império?, necessidade d'um D. Sebastião, que nos estique os brios e nos chocalhe a imaginação?...

Pode ser tudo isso! Mas, o que temos como certo ao reler Cesário Verde e Eça de Queiros é que, nos finais do Século XIX, a "classe política" não era companhia recomedável para nehuma senhora de bem e de cristãos costumes!

Hoje, como anteontem, vamos parar sempre à porra da "classe política"!

Não haverá maneira, pergunto eu, de dispensarmos a "classe política", que digo eu, ficarmos sem ela - aí e só - por apenas um cento d'anos?

Talvez assim, porventura deste modo, poriamos Portugal na senda do progresso, do desenvolvimento sustentável e, porque não, nos trilhos d'uma nova aventura maritima, sem arrogâncias, sem barbárie e sem falácias vãs!

A bem da Pátria, disse!

José Albergaria