Algum dia você poderia?
Manchei o mapa do quotidiano
jogando-lhe a tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato
as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?
Vladimir Maiakovski
[Bagdádi, 1893-1930]
Tradução brasileira de Augusto e Haroldo de Campos
(a.m.)
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