À Morte do Poeta António Machado
Mais te valeu morrer. Quantos favores
Da morte, só, podias esperar!
Não viste a tua pátria agonizar;
Nem conheceste o exilio e as suas dores.
Conduziram-te à terra os pescadores.
E ali, na solidão da beira-mar,
Continuas, Marena, a divagar
E em vez de versos, desentranhas flores.
Foste cair, é certo, em terra estranha;
Mas na alvorada, apenas, da amargura,
Às portas do desterro e ao pé de Espanha.
Levaste para a cova, ainda, a esperança
E Deus poupou-te a esta desventura:
Ter de tragar o fel da «doce França».
Amélie-les-bains
noite de 24 de Fevereiro de 1939
Jaime Cortesão
(J. Albergaria)
1 Comments:
O poema não foi bem ordenado graficamente, mas trata-se de um soneto italiano, com a sua estrutura tradicional e clássica: duas quadras e dois tercetos, com as rimas apropriadas.
José Albergaria
Enviar um comentário
<< Home