quarta-feira, junho 22, 2005

À Morte do Poeta António Machado

Mais te valeu morrer. Quantos favores
Da morte, só, podias esperar!
Não viste a tua pátria agonizar;
Nem conheceste o exilio e as suas dores.
Conduziram-te à terra os pescadores.
E ali, na solidão da beira-mar,
Continuas, Marena, a divagar
E em vez de versos, desentranhas flores.
Foste cair, é certo, em terra estranha;
Mas na alvorada, apenas, da amargura,
Às portas do desterro e ao pé de Espanha.
Levaste para a cova, ainda, a esperança
E Deus poupou-te a esta desventura:
Ter de tragar o fel da «doce França».

Amélie-les-bains
noite de 24 de Fevereiro de 1939
Jaime Cortesão

(J. Albergaria)

1 Comments:

At 22 junho, 2005 10:37, Blogger Aqueduto Livre said...

O poema não foi bem ordenado graficamente, mas trata-se de um soneto italiano, com a sua estrutura tradicional e clássica: duas quadras e dois tercetos, com as rimas apropriadas.

José Albergaria

 

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