quarta-feira, abril 05, 2006

Pré-texto: O passamento de Carlos Fabião

A morte

Senhora esbelta, bondosa
aompanha a vida, sempre
em tremenda intimidade!

Hoje, uma mulher, velha,
foi cremada.

Há pouco, poucochinho
basceu um menino.
Os figurantes, progenitores
clamaram-no Salvador!

Desígnio premonitório
carregam os nomes.
As coisas, essas, nem sempre
se acomodam ao casco
que lhes foi atribuido.

O poeta disse:
"Morrer é só não ser visto".

Tremenda exactidão
encerrou o poeta
nesta humana afirmação!

Os que a seguir hão-de vir
tecerão, bordarão, enovelar-se-ão
nesta poética da morte
imorredoura deixa
daquele Fernando, múltiplo.

É.
Pois é.

A mulher cremada
não mais será vista.

Aqueloutro, o que nasceu
será mostrado à saciedade
para "redenção" da humana espécie!

E assim figurámos
no teatro do mundo.

Umas vezes - vistos.
Nas outras- desaparecidos.

Morte e nascimento
não mais que faces
homólogas
do mesmo drama
feito (in) gente!


José Albergaria

PS- A pretexto do passamento dum homem bom, honrado e probo: Carlos Fabião.