terça-feira, julho 05, 2005

Fala do amigo

Já ali não estavas. Quando te perdi já
nunca tinhas existido; nem eu nem a rocha
na pequena praia onde estivéramos. Depois
foram todos os nomes do corpo:eu tentava
mas não conseguia reuni-los. Ficariam
como os pedaços daquele vaso que não se pode
reconstituir todo porque é menor que as suas
partes. E depois foram desaparecendo, levando-me
o próprio nome e a fala do mundo.
já não existiam nem eu existia já.
Já nunca tínhamos existido agora.
"Teatros do Tempo"
Manuel Gusmão

(J.Albergaria)