domingo, setembro 04, 2005

A António Machado

A António Machado
(poeta de Sevilha, andaluz do Mundo)

A tua terra, poeta
Feita de mar
Cerzida de verde
Matizada d'ocres e brancos
Pontilhada de negro
Desenhou o teu carácter
E o teu "poemar"

Na campina andaluza
Os toiros
Arrecadam erva na planura
Para, soberbos, poderosos
Estrelarem, actores circenses
Em tardes, humanas, d'heroísmo
gratuito!

A tua poesia
Andaluza, luzeira
Préclara e solar
Tem o tamanho do mundo!

Viveste o sonho republicano
Partiste nos trilhos da derrota!

Derrota maior, essa
Terá sido
Morreres de tristeza
Nas ruas do exílio parado!

Meu irmão, a tua memória
Tal qual a do granadino Lorca
Atravessa o arco-íris, da Espanha
toda!
A tua poesia, essa
Vive no coração da Humanidade!


Em teu louvor, seja esse o meu
desígnio
Caminheiro audaz, sem pudor
Hei-de reverdecer os trilhos
antigos
Caminhando, em silêncio...
pela tua poesia
toda!


José Albergaria