A António Machado
A António Machado
(poeta de Sevilha, andaluz do Mundo)
A tua terra, poeta
Feita de mar
Cerzida de verde
Matizada d'ocres e brancos
Pontilhada de negro
Desenhou o teu carácter
E o teu "poemar"
Na campina andaluza
Os toiros
Arrecadam erva na planura
Para, soberbos, poderosos
Estrelarem, actores circenses
Em tardes, humanas, d'heroísmo
gratuito!
A tua poesia
Andaluza, luzeira
Préclara e solar
Tem o tamanho do mundo!
Viveste o sonho republicano
Partiste nos trilhos da derrota!
Derrota maior, essa
Terá sido
Morreres de tristeza
Nas ruas do exílio parado!
Meu irmão, a tua memória
Tal qual a do granadino Lorca
Atravessa o arco-íris, da Espanha
toda!
A tua poesia, essa
Vive no coração da Humanidade!
Em teu louvor, seja esse o meu
desígnio
Caminheiro audaz, sem pudor
Hei-de reverdecer os trilhos
antigos
Caminhando, em silêncio...
pela tua poesia
toda!
José Albergaria
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