Tinha que ser hoje
ESPERA SEMPRE
Entre os anos,a morte espera sempre,
qual uma árvore secreta que sombreia,
de súbito,a brancura de um carreiro,
e vamos caminhando e surpreende-nos.
Então,na orla da sua sombra,
um tremormisterioso nos detém:
olhamos para o alto,e nossos olhos
rebrilham,como a lua,estranhamente.
Como a lua,na noite penetramos,
sem saber onde vamos,e a morte
em nós vai crescendo,sem remédio,
com um doce terror de fria neve.
A carne decompõe-se na tristeza
da terra sem claridade que a sustém.
Ficam somente os olhos que interrogam
entre a noite total e nunca morrem.
José Luís Hidalgo,traduzido por José Bento,in Antologia de Poesia Espanhola Contemporênea,e trazido hoje para aqui pelo
JGEsteves
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