terça-feira, junho 07, 2005

Quando o POVO fala é, sempre, para se levar a sério!

O chamado Tratado Constitucional da União Europeia que, para além de ter sido "aprovado" pela Convenção que o produziu, tem de ser ratificado pelos 25 países que passaram a constelar a bandeira da UE depois de NICE, domina a actualidade mediática.

Dez países já o fizeram, pela positiva e, dois, rejeitaram-no: a França e a Holanda.

O Reino Unido e a República Checa admitem a hipótese de supenderem o processo de ratificação. O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros terá dito, em reunião restricta e sem a presença de jornalistas, que o Tratado está morto.

Nestas circunstâncias, curioso foi assistir, ontem, dia 6 de Junho de 2005, na RTP 1, a um soberbo debate entre defensores do SIM e partidários do NÃO. Eu diria mesmo que assistimos a um verdadeiro confronto de titãs, tal a qualidade dos contendores em presença.

Na bancada do SIM: Vital Moreira, Ribeiro e Castro e Miguel Beleza.
Na bancada do NÂO: Pacheco Pereira, Sérgio Ribeiro e Jorge Miranda.

Como é bom ouvir ideias, sustentadas em informação de altíssima qualidade e esgrimidas com elegância, com humor e, sobretudo, com uma notável capacidade de se ouvir os arguentes contrários!

Excepção feita a Dr. Sérgio Ribeiro (em representação do PCP?...) que, umas quantas vezes, esbarrou com pesporrência na argumentação inatacável de Vital Moreira e na informação de primeira água de Miguel Beleza!... E tal facto é de estranhar pois se sabe que este ilustre economista pensa, estuda e escreve sobre a Europa, pelo menos, desde os primórdios da década de sessenta do Século XX!

Às vezes, a urgência do argumento, usado como arma de arremesso, prega-nos destas partidas!

Tirante tal situação, que não foi capaz de embaciar o brilho deste debate, apetece dizer que a RTP1, ontem, dia 6 de Junho de 2005, não foi só Serviço Público, mas assumiu-o com uma qualidade ímpar e com intervenientes de qualidade excepcional.

Quanto ao fundo da questão, alinho pelo argumentário final do Professor Vital Moreira: que se faça o Referendo em Portugal, que se façam todos os processos de ratificação do Tratado e, em 2006, proceda-se ao deve e haver: quantos SIM e quantos NÃO.

Então, então sim, tomem os governantes dos 25 países integrantes da UE a decisão que se impõe, para bem dos europeus, dos 25 países que já cá estão e dos outros (Suiça, Noruega, Turquia,etc.), que nos batem à porta: ou mantemos este Projecto de Tratado Constitucional ou fazemos outro.

Até lá, meus caros leitores, que não se inventem crises institucionais, nem se dramatize a situação.

O NÃO da França e da Holanda valem exactamente o que valem: o POVO destes países falou e têm de ser ouvidos e com muito respeito. Pode-se analisar e interpretar os motivos do NÃO e dos votantes SIM destes países, mas, sobretudo, é fundamental respeitar a decisão que estes POVOS tomaram: em primeiro lugar, pelos governos desses países e, em segundo lugar, pelos leaders da UE.

É assim a democracia: o Povo fala e tem, SEMPRE, de ser ouvido e respeitado!

J.Albergaria