quarta-feira, maio 25, 2005

COMO SE ESCOLHE UM CANDIDATO A PRESIDENTE DE CÂMARA

COMO SE ESCOLHE UM CANDIDATO A PRESIDENTE DE CÂMARA

A pretexto das eleições autárquicas do próximo Outubro de 2005, recorrentemente, aparecem (só as mais mediáticas) na Comunicação Social, noticias de exclusões de candidatos pelas lideranças partidárias, malgrado estes terem sido sufragados nas freguesias ou nas estruturas Concelhias e, às vezes até, nas próprias Direcções políticas Distritais.

Exemplos: Isaltino Morais em Oeiras pela liderança do PPD/PSD; Valentim Loureiro, idem; o Eng.º Barroso, em Borba, pela liderança de Jerónimo de Sousa do PCP, contra a vontade da estrutura Concelhia (coisa rara e creio que única na história do PCP). Estes os casos mais estripitosos e que mereceram alguma atenção de alguns órgãos de comunicação social.

Contudo, quantas mudanças ocorreram, por vontade dos aparelhos partidários e que deixaram um rasto de azedumes e um capital de queixa que deixam marcas profundas nos militantes das respectivas agremiações partidárias.

Pergunta-se o leitor quem tem razão?
O lider, ou a direcção nacional, porque tem uma visão estratégica global e tem de secundarizar o localismo das escolhas à sua visão mais ampla!
Os candidatos preteridos, excatamente pela razão oposta: porque são emergências locais e, por via disso, mais valias para se ganhar eleições, e Cãmaras Muncipais e mais poder!

E quando a mudança ocorre sem espalhafato, com cordialidade e sem aparentes fracturas e/ou animosidades?!...

Exemplos: Lisboa, com o Dr. Pedro Santana Lopes que fez depender a sua recandidatura à Câmara de Lisboa, duma conversa com o Dr. Marques Mendes, recem eleito Presidente do PPD/PSD. Nessa conversa foi-lhe transmitido pela liderança do partido que não contavam com ele como candidato à Câmara de Lisboa; Odivelas, com o Dr. Manuel Varges, substituido como candidato à Presidência da Câmara pela sua camarada e actual Presidente da Assembleia Municipal de Odivelas, Suzana Amador.

As legitimidades são óbvias e hierarquizadas. O leader tem uma maior legitimade que o Presidente da Distrital e, este, mais do que o leader Concelhio. Contudo creio que era importante criar-se um sistema de pesos e contrapesos que permitissem resultados incontornáveis e adequados neste processo de escolha.

Contudo, importa sublinhar a "humildade" do Dr. Santana Lopes que, durante a sua carreira política não tem abusada dela, neste passe significativo da sua vida: "só aceitaria recandidatar-se à Câmara de Lisboa, depois duma conversa com o Dr. Marques Mendes."

Os caminhos que levam à candidatura de um qualquer cidadão`a Presidência de uma Câmara Municipal são pedregosos e nem sempre limpos de escolhos e obstáculos.

Hoje deu-me para partilhar convosco estas minha parcas, modestas e pouco substantivas preocupações.

Aqui ficam.

José Albergaria