Os tristes herdeiros dos barões falidos
Os tristes herdeiros dos barões falidos
À mesa da revolução digo refeição
Digerem o povo digo polvo
Com requintes de liberdade.
Paulo Cid
e, naturalmente a ajuda de a.m.
Os tristes herdeiros dos barões falidos
Abencerragem ainda hoje em imperfeita paz com tecnologias bem mais simples (bela crónica,a propósito,a de Eduardo Prado C oelho hoje no Público), arrisco este ensaio escourado na confiança nos ensinamentos que o sempre paciente Zé Albergaria procurou verrumar por esta carapaça de pré-tecnológico.Se tiver resultado,e bem suspeito que não, vai um abraço para os amigos,a quem o nosso Rogério,penitenciando-se embora de arqueológica francofonia (filia?...),aqui crismou de "blogueurs" mas que me têm dado preciosos momentos de tertúlia bondiana graças às respectivas e preciosas qualidades de "blagueurs" ( e esta,oh RÓGER,quer dizer,oh ROGÊ?) .
Azul de madrugada
I
Manchei o mapa do quotidiano
Muerto se quedó en la calle
Lembras-te, meu amor
caros blo(a)gueurs -- a minha francofonia dá-me para isto-- como já devem ter sabido pela comunicação social, acabo de acompanhar na demissão de a Capital, o Luís Osório. Foi um ano intenso e de intensos afectos. Mas os valores nunca devem ser substituídos pela sujeiçãoà sobrevivência sem princípios. A Capital foi um grande projecto.Chega ao fim por falta de cumprimento da administração de algumas 'coisas' que nos tinham sido prometidas. Chegou ao fim um ciclo de vida. Outro virá. Bom é que se mantenha sempre a solidariedade e que alguém, seja qual for a sua idade, saiba assumir os valores, acima dos interesses mais imediatos. Mas a vida, após mais de cinco décadas de existência, ensinou-me algo: os medíocres acabam por ganhar sempre.É por isso que o país está como está. E a Europa também.
Meu país desgraçado!...
Não sei de amor senão o amor perdido
num lado
No espaço traça
São como um cristal,
Eugénio de Andrade. Poeta. (19.01.1923─13.06.2005). José Fontinhas, de seu verdadeiro nome, nasceu em Póvoa de Atalaia (Fundão), no meio de uma família de camponeses. A sua infância foi passada com a mãe, na sua aldeia natal. Mais tarde, prosseguindo os estudos, foi para Castelo Branco, Lisboa e Coimbra, onde residiu entre 1939 e 1945. Em 1947 entrou para a Inspecção Administrativa dos Serviços Médico-Sociais, em Lisboa. Em 1950 foi transferido para o Porto, onde fixou residência. Abandonou a ideia de um curso de Filosofia para se dedicar à poesia e à escrita, actividades pelas quais demonstrou desde cedo profundo interesse, a partir da descoberta de trabalhos de Guerra Junqueiro e António Botto. Camilo Pessanha constituiu outra forte influência do jovem poeta Eugénio de Andrade. Embora não se integre em nenhum dos movimentos literários que lhe são contemporâneos, não os ignorou, mostrando-se solidário com as suas propostas teóricas e colaborando nas revistas a eles ligadas, como Cadernos de Poesia, Vértice, Seara Nova, Sísifo, Gazeta Musical e de Todas as Artes, Colóquio, Revista de Artes e Letras, O Tempo e o Modo, e Cadernos de Literatura, entre outras. A sua poesia caracteriza-se pela importância dada à palavra, quer no seu valor imagético, quer rítmico, sendo a musicalidade um dos aspectos mais marcantes da poética de Eugénio de Andrade, aproximando-a do lirismo primitivo da poesia galego-portuguesa ou, mais recentemente, do Simbolismo de Camilo Pessanha. O tema central da sua poesia é a figuração do Homem, não apenas do eu individual, integrado num colectivo com o qual se harmoniza (terra, campo, natureza, lugar de encontro) ou luta (cidade, lugar de opressão, de conflito, de morte, contra os quais se levanta a escrita combativa). A figuração do tempo é, assim, igualmente essencial na poesia de Eugénio de Andrade, em que os dois ciclos, o do tempo e o do Homem, são inseparáveis, como o comprova, por exemplo, o paralelismo entre as idades do Homem e as estações do ano. A evocação da infância, em que é notória a presença da figura materna e a ligação com elementos naturais, surge ligada a uma visão eufórica do tempo, sentido sempre, no entanto, retrospectivamente. A essa euforia contrapõe-se o sentimento doloroso provocado pelo envelhecimento, pela consciência da aproximação da morte (assumido sobretudo a partir de Limiar dos Pássaros), contra o qual só o refúgio na reconstituição do passado feliz ou a assumpção do envelhecimento, ou seja, a escrita, surge como superação possível. Ligada à adolescência e à idade madura, a sua poesia caracteriza-se pela presença dos temas do erotismo e da natureza, assumindo-se o autor como o «poeta do corpo». Os seus poemas, geralmente curtos mas de grande densidade, e aparentemente simples, privilegiam a evocação da energia física, material, a plenitude da vida e dos sentidos. Foi galardoado com o Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, atribuído a O Outro Nome da Terra, em 1988, e com o Prémio de Poesia Jean Malrieu, por Branco no Branco, em 1984. Recebeu ainda, em 1996, o Prémio Europeu de Poesia. Foi criada, no Porto, uma fundação com o seu nome. Autor de uma importante obra poética, podem referir-se os seguintes títulos: Adolescente, em 1942, As Mãos e os Frutos, em 1948, Os Amantes sem Dinheiro, em 1950, As Palavras Interditas, em 1951, Até Amanhã, em 1956, Conhecimento da Poesia, em 1958, O Coração do Dia, em 1958, Os Afluentes do Silêncio, em 1968, Obscuro Domínio, em 1971, Limiar dos Pássaros, em 1972, Véspera da Água, em 1973, Memória de Outro Rio, em 1978, Matéria Solar, em 1980, O Peso da Sombra, em 1982, Poesia e Prosa, em 1940, 1989 e 1990, O Sal da Língua, em 1995, Alentejo, em 1998, e Os Lugares do Lume, em 1998. Organizou, ainda, várias antologias, como a que dedicou ao Porto (Daqui Houve Nome Portugal, em 1968) e a Antologia Breve, em 1972. Escreveu também livros para crianças. É um dos poetas portugueses mais traduzidos para outras línguas.
Não sei como vieste,
A morte anunciada de Alvaro Cunhal ocorreu hoje dia 13 de Junho, exactamente no mesmo dia em que Fernando Pessoa (o estranho estrangeiro) nasceu.
Hoje iniciou uma nova viagem o poeta Eugénio de Andrade, que se "abrigava" atrás do Inspector Fontinha (creio ser esse o seu nome de baptismo).
A aranha tinha
Choram morcegos
Era um barquinho
Meu Deus, como são belas
não és mais do que as outras, mas és nossa,
Antestrofe
O chamado Tratado Constitucional da União Europeia que, para além de ter sido "aprovado" pela Convenção que o produziu, tem de ser ratificado pelos 25 países que passaram a constelar a bandeira da UE depois de NICE, domina a actualidade mediática.
Vi um mar de crianças correr
Eles não sabem que o sonho
O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
El instante
"La biblioteca existe ab aeterno. De esa verdade cuyo corolario inmediato es la eternidade futura del mundo, ninguna mente razonable puede dudar. El hombre, el imperfecto bibliotecario, pude ser obra del azar o de los demiurgos malévolos; el universo, con su elegante dotación de anaqueles, de tomos enigmáticos, de infatigables escaleras para el viajero e de letrinas para el bibliotecario sentado, sólo puede ser obra de un dios. Para percebir la distancia que hay entre lo divino y lo humano, basta comparar estos rudos símbolos trémulos que mi falible mano garabatea en la tapa de un libro, con las letras orgánicas del interior: puntuales, delicadas, negrísimas, inimitablemente simétricas."
Quando chegará o dia en que a sombra cobre o rio
É tão vazia a nossa vida,
Marques Mendes, líder do maior partido da oposição, considera que o Estado tem que ser mais pequeno, menos gastador, mais económico, ou seja, um Estado à altura da sua dimensão de estadista. Fontes geralmente muito bem informadas asseguram que o novo modelo estatal foi inspirado nos trabalhos de um grande vulto do Estado Novo, a saber, Byssaia Barreto que, como sabemos, foi o fundador do Portugal dos Pequenitos.
larotilit panglosat
«Se o campo tem um ar tão puro como dizem, porque não constroem lá as cidades?»
Que fique só a minha vida
Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Ay flores, ay flores do uerde pyno,
Instrumentos da nobre arquitectura
«A lei, na sua majestosa igualdade, proíbe, tanto o rico como o pobre, de dormir debaixo das pontes, mendigar nas ruas e roubar pão.»
Se eu podesse desamar
Quíron queixava-se aos homens das sombras que feriam seus dias